Na tarde do passado sábado, a equipa de juniores do Clube Futebol de Estremoz sagrou-se Campeã Distrital de futebol, depois de ter empatado a duas bolas no Campo João Figueiredo, em Vila Viçosa, diante da formação local, o Calipolense.
Com este empate, os comandados de Hélder Aldeagas terminaram o Campeonato Distrital de Juniores da Associação de Futebol de Évora na 1ª posição, com 52 pontos, sendo a equipa com melhor ataque da competição, com 85 golos apontados, e a defesa menos batida, tendo consentido apenas 19 tentos.
Com a conquista deste título, os juniores do CF Estremoz colocaram um ponto final num período de 26 anos sem qualquer título do clube encarnado e negro nos escalões de formação.
Depois de ter sido o último treinador da equipa sénior do CF Estremoz, Hélder Aldeagas aceitou o convite para liderar a equipa de juniores do clube estremocense, tendo conduzido esta “nau a bom porto”. O convite que recebeu, o intenso campeonato distrital, os seus jogadores, as dificuldades encontradas, e o futuro, foram alguns dos temas abordados nesta breve conversa com o Ardina do Alentejo.
Ardina do Alentejo – Quando foste convidado para assumir o cargo de técnico principal da equipa de Juniores do CF Estremoz, sabias que o desfecho podia ser este, o de serem Campeões Distritais? Já tinhas essa percepção?
Hélder Aldeagas (HA) – Este convite surge na altura em que começa a despontar o Covid. Nessa altura, o plantel dos juniores era constituído também por outros atletas, mas a grande maioria já eram estes que agora se sagraram campeões. Já nessa altura, e após ter assistido a um jogo da equipa, ainda no escalão de juvenis, eu disse, mesmo não conhecendo as outras equipas: “Na minha opinião, têm todas as condições para poderem vir a ser campeões. Está aqui uma equipa recheada de diamantes para lapidar”, frase que me tinha sido endereçada por um colega e grande amigo, que já tinha tido o privilégio de trabalhar com eles.
É uma equipa recheada de valores, muito equilibrada. Na minha opinião, alguns deveriam estar em patamares com outra dimensão, mas a nossa realidade, vivendo no interior, por vezes pode dificultar uma possível ascensão na carreira futebolística de alguns destes jovens.
Ardina do Alentejo – Esta equipa tem muitos e bons talentos…
HA – É uma equipa recheada de valores, muito equilibrada. Valores onde, na minha opinião, alguns deveriam estar em patamares com outra dimensão, mas a nossa realidade, vivendo no interior, por vezes pode dificultar uma possível ascensão na carreira futebolística de alguns destes jovens. Muito embora as coisas tivessem melhorado, ainda não foi o suficiente. Continua-se a depender muito da disponibilidade dos pais, e são poucos aqueles que conseguem tempo e disponibilidade financeira para ajudar os filhos a alimentar os seus sonhos neste mundo.
Ardina do Alentejo – 26 anos depois, o CFE volta a conquistar um título de Campeão Distrital na formação… Quais foram as grandes dificuldades que encontraste até chegares a este título?
HA – As dificuldades foram imensas, mas não acho conveniente estar agora aqui a enumerar… pertencem ao passado. Aquilo que se pretendia foi conseguido. Agora é olhar para o trajecto percorrido e encontrar as respostas para melhorar, até porque aquilo para onde a equipa de juniores do Clube Futebol de Estremoz vai é bastante exigente.
Mas permite-me que te diga que foram todas essas dificuldades que fizeram com que esta conquista tivesse um sabor ainda mais especial, ao ponto de se tornar extremamente delicioso. Nós, desde o início, criámos um slogan, que sempre que havia uma daquelas dificuldades que parecia deitar tudo a perder, agarrávamos a essa frase e, era essa frase que nos dava força, motivação e confiança para continuar a trabalhar e a acreditar que era possível: SE FOSSE FÁCIL, NÃO ERA PARA NÓS!
Posso adiantar que já tive conhecimento por parte de elementos da secção e do Município de Estremoz, que a ida da equipa júnior aos nacionais é uma realidade.
Ardina do Alentejo – E o futuro? O que é que vai acontecer a estes jovens? A participação no Nacional ou a integração na equipa sénior do CFE? Já houve conversas sobre isso?
HA – Em relação ao futuro destes jovens, ainda não te consigo dizer nada em concreto. São questões para as quais as pessoas responsáveis têm que se sentar, debater e analisar pormenorizadamente como fazer para salvaguardar, em primeiro lugar, a conquista destes jovens, e claro, os interesses do clube. Posso adiantar que já tive conhecimento da parte de elementos da secção e do Município de Estremoz, que a ida da equipa júnior aos nacionais é uma realidade. Em relação a avançar com a equipa sénior, também parece estar nos seus horizontes.
Ardina do Alentejo – Certamente que há agradecimentos a fazer… O sucesso não é sempre de um homem só…
HA – Claro que sim. Em primeiro lugar, aqueles que foram os meus dois pilares: a minha esposa e a minha filha, pois foram as pessoas que mais sofreram e me apoiaram nesta batalha.
Depois, aquele que fez das tripas coração, aquele que se multiplicou, aquele que se superou, aquele que sempre acreditou que isto era possível: Jorge Fonseca.
Depois, aquelas duas pessoas que com grandes dificuldades, por motivos profissionais e familiares, nunca deixaram de estar ao meu lado, sacrificando por vezes os seus e a vida profissional: Bernardo Candeias e Nuno Coelho.
As outras duas pessoas da secção que, mesmo não sendo de uma forma directa, porque tinham também as suas equipas, sempre que foi necessário disseram presente: Gonçalo Calquinhas e Ernesto Pardal.
A todos os pais que se dispuseram a prestar o seu contributo e apoio sempre que necessário. Não vou citar nomes porque as pessoas em questão sabem precisamente a quem me refiro. O meu muito obrigado, de coração… Ao Município de Estremoz, pela disponibilidade no apoio que demonstrou naquelas que foram as necessidades da equipa… Ao nosso roupeiro… A todas as empresas e particulares que contribuíram com patrocínios… Aos sócios e simpatizantes no apoio e motivação dado, em especial à pequena claque que sempre nos acompanhou, liderada pela nº. 1…
Por último, aqueles que foram os principais obreiros desta conquista: os nossos atletas. Pela entrega, empenho e dedicação que colocaram a esta causa, mostrando logo desde o início que estavam ali para ser campeões, responsabilizando-se, sacrificando-se e trabalhando arduamente na procura do objectivo que viriam a alcançar.